O presente projeto de pesquisa tem como objetivo indicar elementos de reflexão linguística e de glotodidática sobre o tema da aquisição do Aspeto verbal da língua portuguesa por parte de aprendentes italianos. Mais precisamente, tem como objeto a análise, numa perspetiva contrastiva, da forma como categoria semântica do especto verbal em português é assimilada, no decurso da aprendizagem do português a nível universitário. Como é noto, do ponto de vista da didática, a aquisição de um conhecimento formal e funcional do sistema verbal possui uma importância crucial na aprendizagem de uma língua estrangeira e que no caso específico do binómio português– italiano, o fenómeno do transfer linguístico joga um papel fundamental. A perceção da proximidade entre os dois sistemas linguísticos é base de frequentes fenómenos de transferência de regras, expressões e construções da língua materna na língua estrangeira, que tendem a cristalizar-se. De um ponto de vista metodológico, propusemos a diversos grupos de discentes do curso de língua portuguesa da Universidade de Perugia algumas atividades didáticas com o intuito de detetar e descrever os traços característicos da interlíngua dos aprendentes italianos e alguns dos erros mais frequentes devido à interferência da L1. O exame de tais dados permitiu, determinar um percurso de aprendizagem especifico e a formulação de materiais didáticos que possam de promover elemento de transfer positivo e de evitar situações de transfer negativo. Seguindo o conceito de interlíngua, formulado por Selene (1972) tivemos em consideração a bagagem de conhecimentos pregressos que o estudante tem à sua disposição para formular hipóteses sobre o funcionamento da LE e a combinação dos conhecimentos linguísticos dominados pelos alunos.
Bibliografia de referência:
ANDERSEN, Roger (1990), Models, processes, principles and strategies: Second language acquisition inside and outside the classroom, in VanPatten, Bill y James Lee (eds.), Second language acquisition–Foreign language learning. Clevedon, UK: Multilingual Matters, pp. 45-68.
Andorno, Cecilia (2006) La lingua degli apprendenti dal punto di vista delle varietà di apprendimento. L‘approccio di Interlingua in F. Bosco, C. Marello, S. Mosca (a cura di), Saperi per insegnare. Formare insegnanti di italiano a stranieri. Un'esperienza di collaborazione fra università e scuola, Torino, Loescher.
Bernini, G. – Giacalone Ramat A. (1990) La temporalità nell’acquisizione di lingue seconde, Franco Angeli, Milano.
Berretta M, (1992). Sul sistema di tempo, aspetto e modo nell’italiano contemporaneo, in Linee di tendenza dell’italiano contemporaneo. A cura di B. Moretti, D. Petrini, S. Bianconi, Roma, pp. 135-154.
Bertinetto, P.M. (1982) Le strutture tempo-aspettuali dell’italiano e del inglese a confronto, in L’Europa linguistica: contatti, contrasti, affinità di lingue. A cura di A. G. Mocciaro, G. Soravia, Bulzoni, Roma, pp. 49-68.
Bertinetto P.M. (1997) Il dominio tempo-aspettuale. Demarcazioni, intersezioni, contrasti, Rosenberg & Sellier, Torino.
Long, M.H. (1983) Native speaker non native speaker interaction and the negotiation of comprehensible input, Applied Linguistics, 4, pp. 126-141.
Noyau, Colette et al. (2005) Two dimensions of the representation of complex event structures: granularity and condensation. Towards a typology of textual production in I L1 e L2, in Hendriks, Henriëtte, 2005, The structure of learner varieties, Walter de Gruyter, pp. 157-202.
Selinker, L. (1972) “Language transfer”, in General Linguistics, 9/2, 1969, pp. 67-92.
Selinker, L. (1972) “Interlanguage”, in International Review of Applied Linguistics, X/3, 1972, pp. 209-231,
Travaglia, Luiz C (1981) O aspeto verbal no português: a categoria e sua expressão, Uberlândia, Gráfica da UFU, 1981.